Linguagem, enunciação e adequação na redação


Falamos da linguagem e do que ela representa na socialização do homem. Mas de que maneira ela se efetiva, se realiza? É na enunciação, isto é, na situação real de comunicação. A enunciação engloba o processo de comunicação como um todo, abrangendo diversos elementos que o condicionam e o modificam:

Conclui-se, portanto, que a enunciação é uma complexa interação de diversos fatores.
Neste ponto, é importante trabalhar dois conceitos: enunciado e frase. São sinônimos? Há diferença entre eles? O enunciado é o resultado de um processo comunicativo efetivo, condicionado por diversos elementos; já a frase é o resultado de uma combinação possível, compreensível e de sentido completo, numa determinada língua, mas não contextualizada.
"[...] tem-se reservado o termo frase (= sentença) para a unidade formal do sistema da língua, estruturada de acordo com os princípios da gramática, passível de um sem-número de realizações; e o termo enunciado, para a manifestação concreta de uma frase, em situações de interlocução."
KOCH, Ingedore Villaça. A interação pela linguagem. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2001.
Por se tratar de um resultado efetivo de um processo comunicativo, você perceberá que valorizaremos o enunciado, sempre que possível, para exemplificar estruturas da língua e trabalhar com elas. Em algumas situações, por questões didáticas, trabalharemos com frases. Importante, no entanto, é transitar bem entre esses conceitos para que na redação do Enem, Exame Nacional do Ensino Médio, você possa tirar mil pontos na redação.

A adequação da linguagem

Em consequência da complexidade que envolve a enunciação, ou seja, o ato comunicativo efetivo, os conceitos de certo ou errado tornam-se superficiais. É necessário considerar um novo conceito: a adequação. Um enunciado pode ser considerado adequado quando é apropriado aos elementos presentes no processo de comunicação.
Entende-se que o uso que cada indivíduo faz da língua depende de várias circunstâncias: do que vai ser falado (assunto), do meio utilizado (canal), do contexto (ambiente espaço-temporal), do nível sociocultural de quem fala e, importantíssimo, de quem é o interlocutor (ou seja, para qual pessoa se está falando). Isso significa que a linguagem do texto deve estar adequada à situação, ao interlocutor e à intencionalidade do falante. Assim, seria inadequado um professor universitário fazer uma palestra para alunos do Ensino Fundamental I empregando palavras eruditas, desenvolvendo argumentos complexos e estruturas sintáticas muito elaboradas - ele não seria compreendido por seus interlocutores.
De maneira geral, distinguem-se dois tipos de registro da língua:
- o padrão coloquial: emprego das estruturas da língua de forma espontânea e funcional. Aparece em contextos informais, íntimos e familiares, que permitem maior liberdade de expressão. Esse padrão mais informal também é encontrado em propagandas, programas de televisão ou de rádio.
- o padrão culto: emprego das estruturas da língua de forma mais cuidada e tradicional. Aparece em situações que exigem maior formalidade, sempre tendo em conta o contexto e o interlocutor. Caracteriza-se pela conformidade ao conjunto de regras da gramática normativa.
No entanto, o padrão culto e o padrão coloquial são classificações extremas de inúmeros níveis do uso da língua - ora mais formais, ora mais informais -, tanto quanto inúmeras são as situações de comunicação ao longo de nossa vida em sociedade. O grande desafio é você estar preparado para utilizar o nível de linguagem adequado à situação e ao(s) interlocutor(es).

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